domingo, 27 de outubro de 2013

Defeito







Nuvem escura,
Negra acinzentada,
Fria gelada,
Que obscurece a Atmaesfera,
Impossibilitando a passagem,
Dos gametas do sol,
Que fecundam a terra,
Para florescer em cor a minha vida,
É tudo cinza,
Não se vê nem o vermelho,
Até eu perceber que é a nuvem quem limita.


Tenho uma incrível necessidade,
De querer sentir a vida em toda sua intensidade,
Seja no prazer,
Ou na dor,
Na alegria ou na tristeza,
Na certeza ou mesmo no terror,
Convivo com essa mania,
Tenho esse defeito,
Um belo defeito,
 Quando percebo as nuvens que me perseguem,
Preciso dissolvê-las,
Preciso entendê-las,
Me contorço em desespero,
Tentando me encurralar,
Colocando-me em cheque e as nuvens afugentar,
Mas nunca adianta,
Então faço o sol brilhar,
Até as engasgadas lágrimas precipitar,
Para fazer chover o entendimento,
Esvaziar-me de tanto tormento,
Que existia naquele sofrimento.


Se estou no fundo do poço,
Teimo em cavar mais um pouco,
Me convenço que posso descer mais,
E que com certeza,
Encontrarei um manancial em riquezas,
Ainda não descoberto,
Tenho esse aspecto,
De querer saber mais.
De sempre acreditar que posso mais,
 Pois sei que cresço toda vez,
Que disponho a fundo nas dores garimpar,
Pois nasci com um defeito,
Nasci com um pequeno erro,
O defeito de sentir demais.



Martini.

Um homem esquecido






Os acontecimentos conspirando, para você aparecer. Meu ódio suplicando para você acontecer. Um Aquiles a muito tempo esquecido a muito tempo negligenciado, havia pensado que a vida é um conto de fadas, uma historinha bonita e perfeita.
Mas sou fraco como uma princesa esquecida, como donzela frágil rejeitada.
 Porque cai no seu canto, apreciei o seu conto de faz de conta e me deparo com meus demônios loucos para sair, loucos pra matar. Por isso agora seguro as correntes, tenho as minhas mãos Deimos e Fobos. Não por que eu os controlo, nem mesmo porque são meus súditos, mas porque você os despertara e estou aflito por não aguentar segurar, este ódio que me consome e me faz viver, me perpetuar a lutar.

Temia estes momentos, temia estes acontecimentos, não sou forte o bastante para controla-los. Ou eu os solto ou para sempre os amarro.

Martini.



sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Na transição dos mundos





Como gostaria de lhe contar,
Somos tudo aquilo que vemos,
Porque só há reflexo daquilo que existe,
E só o que existe são nossas consciências,

Se vejo beleza,
É porque sou belo.
Se vejo ódio,
Sou pois odioso,

O que acontece então quando só vejo prazer,
Como um touro que se enfurece ao vermelho,
Extasio ao ter os orgasmos internos,
A todo o momento,
Vejo gozo e gemidos a todo instante,
Em qualquer situação,
Aquela ventania de frescor branca,
Branda e avassaladora,
Que refresca e desperta o pior do meu ser,
Que reflete o melhor do meu prazer,
Derrete-me em êxtase ainda que contido,
Impossível disfarçar,
E respiração a ofegar,
Prestes a gozar,
Só por sua beleza começar a contemplar,

Corta-me ao meio,
Repartindo-me em Deus e Maldição,
A agonia daquele insano prazer,
Que me refresca e rouba à calma,
Que desespera,
Mas acalenta e goza com a alma,
Destrói a tranqüilidade,
Logo me ponho a sofrer,
De tanto prazer,
Dou conta que estou no inferno,
E que sou um Deus a trazer a contradição de meu ser,
E que também estou no céu,
Esperando-me despertar,

Das antigas crostas libertar!!!


Martini