quarta-feira, 29 de maio de 2013

Testosterona Latejante





Era uma massa etérea que envolvia tudo o que eu via. Gotas de um líquido brilhante que não se vê, tão brilhante que os próprios olhos não comportam a claridade e radiação, esse líquido escorria em mim e pingava aos arredores, ele era viciante e eu sempre queria mais, mais e mais.
 Queria gozar e deliciar-me desesperadamente no próprio ar, nas carnes quentes de um ser qualquer.
Lembrar já me traz desespero e insatisfação, anseio por persegui-lo, gritar, mais que um grito um urro de força absoluta e virilidade. Simplesmente tudo é sexo! O próprio grito firmava minha masculinidade, então eu encontrava razões para manifestar minha raiva, meu ódio e minha força bruta delinquentemente.
Um olhar, uma risada forçadamente controlada nos limites da sanidade para não se tornar um estupro ao ar livre em meio ao ambiente social. Graças a deus nunca tive capacidade mental associada aos meus instintos, ou o planejamento de um crime seria inevitável. Me engrandece saber também que fui altamente másculo e viril como nenhum homem jamais foi. Mera ilusão sei disso também. Me entristece novamente saber que era tudo  de mentira, falso macho criado no laboratório da insegurança. Sei que aquelas coisas também não eram inéditas, eu sempre sentira aquilo, mas dessa vez era mais intenso e forte que a própria razão da existência. Mas hoje penso que isso prejudicou seriamente meu corpo físico, como pode um homem comportar tais níveis hormonais e continuar sua produção normal?! A caixa me dizia que isso não ocorreria, mas será mesmo?
Sinto às vezes alguma força surgindo, mas acho que são meros resquícios das emoções atreladas a experiências do passado. As emoções se repetem eu sei, mas os hormônios são questões físicas. Num ato de maior virilidade castrei a própria masculinidade, que estupidez maldita.
Isso nos leva a pensar que meus comportamentos devem ser então mero teatro aprendido, por isso não consigo nada além de olhares esquisitos.

Clint Martini.

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